segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Passa ou não passa

Passa da passagem, passa paisagem, passa o meu medo, passa o sossêgo, passa nas alturas, o que era teu aconchêgo, passa nas canelas, passa no Sertão, passa da realidade ou da solidão. Passa mais, passa longe, mas nos passa, passa de nós, é sempre um, que está contente, e o outro que sempre chora, num só passo, sem parar a passação, e um passa bem. O outro passa mal. Passa a festa, passa o sono, vem a leveza, e o fim da alegria, passando amigos, prefiro contigo. Não se passam amigos, passa o fio, passa a rua, passa a roupa, e passa o sol, e na lua lembro teu cheiro sem vontade de passar, mas passa, para não parar, e parado fica minha vontade de passar. Passa bala, passa chiclete, que não passa sem grudar, passa isso e passa aquilo, e me paro num passar, sempre com vontade de sair, deste passo sem parar, que me afoga e me percegue, esse passo de pezar, mas não passa toda essa, minha vontade de te amar.


texto de Fernando Thadeu Fonseca dos Santos

3 comentários:

Gilberto Orlandi Junior disse...

Só não passe correndo, em passagens que somam pontos para a bagagem de vida.
Abs.

Vinícius Peixoto disse...

Isso é uma descrição muito bem feita de como nossa vida simplesmente... Passa!
Passa tanto e tão rápido que às vezes nem percebemos.
Belo texto. Parabéns.

Iobaf´ disse...

Ae, mano, conforme eu havia prometido, estou passando aqui pra deixar registrado o que já te falei. Heheh! Faço questão. Fernandópolis, você tem a manha de tocar as pessoas com simplicidade.

Parabéns! Melhora a cada texto!