sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Você é o que come?

Você é o que come?


Não pensa no futuro, prefere viver o agora e aproveitar cada dia. Sempre quer ter mais do que precisa. Busca sempre o caminho mais difícil, mas sabe superar as dificuldades.
Não se preocupa tanto com a beleza exterior e, sim, com a essência das coisas. Sabe que é preciso alguns momentos de solidão para recarregar as energias. Encara a realidade de frente e procura manter pés no chão.Fica sempre em cima do muro na hora de tomar decisões.
Troca o dia pela noite. Adora festas e baladas. Não consegue ficar longe da bagunça das cidades grandes. Sempre que tem um problema, conta com os outros para ajudá-lo.



Recebi um email com esse site que é muito interessante. Vejo minha descrição perfeita. Pelo menos comigo funcionou, e quem me conhece sabe que sou isso realmente.

sábado, 9 de agosto de 2008

Um começo de um fim rápido

A noite chuvosa abriga meu vício em mais uma noite decadente. Díficil ficar longe de quem lembro a cada bronzeada de pulmão. Posso sentir vontades diferentes, mas não deixo de sentir você em nenhum minuto. Faço você, com olhares ao lugar nenhum. A tragada me faz voltar aquela prisão na qual vivia feliz. Não tenho medo de lembrar, pois sentimento de dor nunca existiu. Sinto um frescor na fumaça que me acalma e me faz sorrir, é a lembrança de algo puro que era mútuo. Medo de que você esqueça sempre foi minha pertubação cancerígena. Sonho em cada começo de cigarro, mas caio no sentido contrário quando ele se aproxima do fim. Gostaria de ter a oportunidade de ficar mais um tempo ao seu lado e só assim reerguer nossa montanha de paixão. Mas a montanha vem se acumulando em meu peito sem se preocupar com o que está nem com o que poderia ocupar. Saudade! O que é saudade? Saudade é a tristeza causada pelo sentimento de algo ou alguém, que fazia parte de nossas vidas, e que não nos integra mais. Saudade não é bom! Ficamos algemados então nas pequenas coisas que nos colocam em episódios vividos por nós. Meu cigarro chega ao fim, e sinto a diferença nas palavras menos envolventes de amor. Pois é ele que me faz lembrar de você. A chuva também está acalmando, assim é melhor pra dormir sem você em mais uma noite de solidão. O cigarro acabou.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Alegoria nota Dez

Um mês de serviço depois, e a adaptação com os EPI's ainda não é das melhores. EPI's, Equipamento de Proteção Individual, não consigo acreditar como todos usam tudo isso sem reclamar. Para entrar na "Fábrica" é obrigatório o uso de óculos de proteção e protetor oricular, sem esses você não é bem vindo ao local. Dependendo do serviço feito nos vários setores que "lá" existem, o uso de bota com biqueira de aço já está relacionada, além de luva de raspa ( não me pergunte porque de raspa, não achei até agora uma explicação), que é muito grossa deixando quase que inútil os movimentos da mão, avental de raspa( é claro que é do mesmo material da luva), só com os dois eu fiquei parecendo um açougueiro, mas como fui encaminhado para a montagem e solda de peças, ainda tinha o capacete de soldador, a touca de soldador e a máscara de soldador ou respirador como chamam "lá". O capacete é gigante e pesado, além de ser todo preto com um espelhinho fume para a visão na hora da solda. Muito parecido com o Robocop ou indo um pouco mais longe, chegando lembrar um Darth Vader de buteco. Com a luva, a bota, o respirador, o óculos, a touca, o saco cheio, o avental e mais toda a temperatura ambiente, meus óculos de hora em hora embaçava.
O ar na Fábrica é muito carregado pela poeira de lixadeiras trabalhando sem parar e de fumaça saindo de soldas. Em minha primeira investida na carreira de soldador, já que estava todo uniformizado, aquilo realmente me animou, até me senti um daqueles doidos. A peça estava lá, a máquina de solda também e eu com toda aquela parafernálha no meu corpo, não pensei muito e parti para a minha primeira solda. Quando a fumaça subiu passou pelo capacete, que passou pelo óculos, que passou pelo respirador. Pronto estava impreguinado com o cheiro de aço queimado e outros gases que fazem um bem danado para a saúde do peão. O espirro foi tão rápido que não deu tempo nem de se mexer.
"- Atchim!".
Sempre quando espirro tampo com a mão para que não espirre em ninguém, mas nunca tive a coragem de cheirar a mão depois disso. O espirro inteiro estava no respirador, a mistura de podre de lata de lixo com vírus era a salada que eu sentia. Aquele respirador já não dava mais para usar, e a vontade de soldar passou na hora. Que encrenca fui me meter. Precisava ir ao banheiro.
Corro para me dissipar daquele fedor, e lá me vejo no espelho. Com toda aquela fantasia, percebi que ainda faltava um cachorro pulando no meu braço. Porra, eu estava parecendo um adestrador de cães sanguinolentos. Aquelas luvas! Não demora muito e não estou mais sozinho no banheiro, ficar me namorando no espelho pode causar outra impressão, saio a procura de outra máscara e volto para a minha nova rotina de trabalho. Não reclamar é preciso. Estou ótimo, nunca estive tão feliz profissionalmente.




texto de Fernando Thadeu Fonseca dos Santos

domingo, 29 de junho de 2008

"Posso ajudar?"

Aqui estou para o fortalecimento de sua força. Posso ajudar você no que precisar. Faço de sua vida um grande recomeço. Sou seu motor e sua esperança de uma vida melhor. Sim, eu posso fazer acontecer, sou algo divino que apareceu no seu caminho. Trabalho através de amor. É assim que funciono, preciso de alguém para me amar, preciso de alguém pra receber o meu amor. E você foi a pessoa escolhida. Tudo ao seu redor se torna de meu interesse. Afinal somos um. Um só amor, minha felicidade é a sua felicidade. Sim, sou feliz. Feliz por ser útil, por trazer felicidade a alguém. E não esqueço de agradecer, algo que sei como ninguém. Mas não tenho a mesma perfeição para ensinar. Sim, falho com você. E sua falta de agradecimento resulta na perda da minha presença. Não faço mais parte de sua vida, e sinto pela sua inocência. Mas minha rotina agora roda a vida de outra escolhida. Recomeçar é preciso, não existe tempo perdido.


texto de Fernando Thadeu Fonseca dos Santos

domingo, 15 de junho de 2008

"Strikinik my brother Fábrica"

O primeiro mês passou. Nos quinze dias iniciais fiquei na área onde eles chamam de "montante". Junto com o Non, o Edy e o Fubá. O Edy é o regueiro, depois de alguns dias de almoço e trabalho juntos percebi que ele me lembra muito uma das hienas do filme Rei Leão. A mais engraçada por sinal com a lingua de fora e os olhos meio tortos. O Fubá foi o rapaz da cozinha que entrou junto comigo, tenho o costume de chamar os outros de Fubá, de Shevchenko, de Striknik-mybrotherCharlie( esse apelido bem considerável por sinal). O Non acabou não pegando, e o Fubá gentilmente arrumou um apelido mais formal. Agora Non é Frank, ou Frankenstein para os íntimos.
Não tenho nenhum apelido, mas gosto de colocar nos outros. Sem fazer por maldade ou coisa parecida, acaba sendo natural. Alguns até gostam dos apelidos dados por mim, mas outros nem tanto. Lembro do meu amigo da faculdade que depois de uma noite de cervejas e papos só de homens, nós fizemos uma aposta na qual se ele perdesse o chamaria de Pipi até o final do curso. Para sua sorte eu tranquei meu curso, mas o pessoal o chama de Pipi até hoje. Aposta é aposta.
Muitos na fábrica já até tem os seus apelidos, como o Kiki, Bróz, Baseado, Barro-cru, Índio, He-Man, Maravilha ( esse inclusive fica para mais tarde), Xuxa, o Estrovenga, Vovó mafalda e vários outros. Tirando os Pernanbucos e Cearas que sempre tem em algum lugar. Mas Estrovenga foi o que mais me chamou a atenção. Da onde veio toda essa imaginação de chamar alguém de Estrovenga? E o que isso significa? Quando perguntei sobre o interessante apelido, obtive a resposta de que ele é um cara muito estranho. E é mesmo, que chegaram a fazer uma mistura de estranho com Havengar. Pelo menos foi isso que imaginei. Não pode ser outra coisa!Estrovenga!?!? Que isso meu?
Mas como disse da primeira vez, personagens são o que não falta. Perto da garrafa de café, um senhor trabalhava em uma máquina grande que corta chapas. Quando tirou sua máscara de solda, me deparei com o Mel Gibson de cabelo curto, mais próximo de sua atuação em Payback( O Troco), peguei meu café e fiquei analisando a estrela ao meu lado. Ele percebeu minha avaliação e me comprimentou. Os movimentos todos a seguir só serviram para perguntar se ele era ou não o cara. Com todo aquele barulho ele me respondeu como quase todos ali.
- O QUÊ?
- Nada não, já achei.
- Ha.
- Falou!
- É!!!
Escapei por pouco, mal entrei e já estou quase arrumando confusão. Melhor deixar essas análises no pessoal mesmo e passar aqui para o Blog sem dizer nada. Já pensou se ele chama o seu parceiro de Máquina Mortífera 1, 2, 3, 4, M.M. Eternamente, M.M. reload, M.M. retroceder nunca render-se jamais, M.M. contra o Baixo Astral, e todos M.M. da sequência? Aff!




texto de Fernando Thadeu Fonseca dos Santos

segunda-feira, 19 de maio de 2008

"A Fábrica"

- E então? Você aceita?
- Claro! Tenho certeza que conquistarei meus objetivos, a partir do momento em que as oportunidades aparecerem.
Pronto, estou empregado. Senti um pouco de dúvida no olhar do encarregado do setor, até disse que iria me cobrar do que eu falava. Mas estou pronto.
Parto para a integração, um discurso de segurança no trabalho, estórias de lesões macabras, quedas de escadas, amputações de dedos entre outras. Nossa será que eu disse que aceitava mesmo esse emprego? Parece uma trilogia do Hostel. Meu Deus!
Depois de muito sangue, algumas risadas sem graça e comentários sem nexo, sigo para conhecer a "fábrica". Integrações de empresas nunca são atrativas. Mas fico impressionado mesmo é com a grandeza da "fábrica". Meu parecer se resumi em Gigantesca( pra não dizer monstro). De cara sou colocado para trabalhar com três doidos. Um só fala de reggae, já logo entendi que fuma um baseado do caramba. O outro é meio alterado, quando não acato aos seus ensinamentos primitivos, noto conversas com ser nenhum. Ele fala sozinho. E por último o grande Non. O cara é idêntico, até parece que saiu do filme do Superman 2. Mas é muito gente boa, assim como o regueiro.
No almoço começa a seção de horror, ou de piadas, sei lá. É um mais estranho que o outro. Personagens de cinema são vários, imagino um Ridley Scott por aqui, ou um Tarantino. Os caras estariam em um oásis de figuras cinematográficas.
E pensar que esse foi só o primeiro dia, mas a partir daqui começa um resumo semanal, mensal, sei lá, dependendo do meu humor sobre os causos vividos na "fábrica".

terça-feira, 29 de abril de 2008

"MINHA ESTRELA"

- Pai, me dá uma estrela? Eu quero uma estrela pra mim.
O céu estava estrelado, limpo sem nuvem nenhuma e uma temperatura bem amena. Eu a levava embora, depois de um dia de pura felicidade e muitas brincadeiras. Por causa do "bico" que arrumei com meu amigo da papelaria, quase não tive tempo com ela. Com seus três anos de idade, e uma inteligência fora do normal, ainda arrumamos tempo para uma brincadeira de compras com cartão na minha hora do almoço. Eu consegui fazer uma compra de quatro mil reais pela primeira vez na vida, na loja onde ela falava que era a vendedora, passando meus cartões de crédito que não alcançam nem trezentos reais de limite. Tudo muito simples, inacreditável se na vida real fosse asism mesmo. Uma inocência admirável, para quem a conhece.
Não consigo ficar com ela muito tempo, mas cada minuto que tenho ao seu lado aproveito como se fosse o último. Valorizando suas idéias, dando atenção aos seus comentários e participando de suas traquinagens, demonstrando sempre uma enorme surpresa pelas suas ações, como se nunca tivesse acontecido. Demonstrando ter a mesma idade dela, seu envolvimento é maior. A distância que vivemos a deixa sempre meio receosa pela minha presença de pai. Ela sempre quer me mostrar mais respeito do que realmete mereço. E quando brinco com ela, vejo que sua liberdade se aflora por estar ali comigo. Ela se sente segura.
Quando ela me disse que queria uma estrela, eu brinquei: "- Eu já tenho uma".
- Cadê pai? Onde você guardou?
- Ha você não sabe?
- Não pai. Onde tá?
- É você minha estrelinha.
- Pai você é doido? A estrela fica lá no céu.
- Eu sei, mas você é minha estrelinha. Você é minha maravilhosa.
- Não sou estrela pai!
- É sim!
- Não!!
- É!
- Não!!!
- É sim, é sim...
- Tá bom pai.
Realmente ser chato é uma qualidade que tenho. Ouço muito isso dos amigos, mas naquele momento ela também percebeu. Seu silêncio foi instantâneo, como se tivesse percebido que o pai era mais criança que ela. Ela olhou novamente pro céu, disfarçava sua vontade de falar mais uma vez que não era estrela, mas sentia alguma coisa que por ser o "Pai' que falava aquilo poderia ser verdade. Foi então que perguntei: "- E você? Não tem nenhuma estrela?" Sem saber o masculino de estrela, ela respondeu rapidamente:
- Você pai. Você é minha "estrelainho".
Ser pai é maravilhoso.



texto de
Fernando Thadeu Fonseca dos Santos

segunda-feira, 24 de março de 2008

"Vida fácil?"

- "Acabou. Não via a hora desse lixo sair de cima de mim. Fedido, e só fala bosta."
- Nossa heim! Você é muito gostosa.
-
"Não diga? E você é nojento." - Obrigada.
Preciso estudar pra sair dessa vida.
"Tá cada dia mais pior". Ontem foi aquele xarope que me deu um soco na cara, quando eu disse que não ia com ele porque estava bêbado demais. Outro dia um espertinho falou que tinha esquecido a carteira no carro e me deu um perdido. Me fodeu duas vezes o filhadaputa! - "Estou cansada desses tipos."
É acho que vou ver aquele esquema com a Marcinha. Tá com um monte de roupa nova, e disse que tá cheia de namorado bonito. Ela até me chamou outro dia pra fazer ponto com ela na São João. Não acreditei muito naquela estória de fazer programa na hora do almoço, mas acho que preciso tentar. Um monte de escritório perto, os clientes estão todos cheirosos e arrumadinhos. Uma mistura de homens de terno (
sou louca por homens de terno), e molecada nova louca pra fazer o que eles veêm na internet. Fora é claro, que o preço do programa é bem melhor. Trabalhando mais uns dois anos eu já consigo me arrumar.
- Posso tomar um banho rapidinho?
- Não tem chuveiro no banheiro.
- Humpf!
"Ainda quer reclamar?" Mas também isso aqui tá uma merda mesmo. E ele nem está assim tão xapado como pensei. Mas está fedido. Quando eu vim pra cá, aqui era bem falado. Hoje dá até nojo, uma espelunca das piores, deve ser por isso do meu desânimo. É sair daqui e ir pra estrada. - "Aff."
- O quê?
- Nada. Quer dizer, trinta conto.
- Ué!?! Eu já não paguei?
- "
Pronto. Mais um que esqueceu a carteira no carro. Ele que venha com essa estórinha que eu viro bicho aqui." - Não gato. Você não me deu nada, só prazer até agora. Lindo!
- Opa! Então toma ai.
-
"Agora sim me deu prazer". Tá certo gato. Vamos sair? Já deu o horário também. "E eu não aguento mais ficar aqui com você."
-
Opa! Vamos.
Saio do quarto e no corredor fica nosso banheiro menos sujo, me despeço do fedido e entro pra carregar mais um pouco a maquiagem. Arrumo a roupa, carrego no perfume da Cristhina, dou um tapa no cabelo e saio com o sorriso no rosto. Garota que não sorri não ganha dinheiro. E por saber que hoje é meu último dia aqui, já estou feliz imaginando os bonitinhos que vão me dar dinheiro amanhã de tarde.
- Oi coisa linda.
- "
Oi coisa estranha." - Tudo bem querido? Quer dar uma trepada?



Este texto faz parte do programa que participo com alunos na faculdade para o blog
Pândega.

segunda-feira, 3 de março de 2008

São Paulo Marginal

Eram para ser vinte caixas. Não acreditei que caberiam todas no carro, mas pela persistência dos sabedores de entregas acabei influenciado. O carro parecia mais um avião, com aquele bico levantado e a traseira quase lambendo o chão, lotado de caixas de folhas sulfite.
Por onde vamos e que horas são, foram questões que vieram na minha cabeça quando saímos a caminho de nossa entrega. Estávamos na zona oeste e a entrega seria na zona sul. Saber se o horário é propício e se existe algum caminho para fugir delas é essencial. Paulistano de carteirinha sabe que para atravessar a cidade precisa pegar as famosas marginais Pinheiros ou Tietê, um martírio para sanidade humana, pois o nome marginais, significa trânsito e stress. Seguiríamos pela Marginal Pinheiros até o fim, isto é, trânsito e stress até o final. Precisávamos fugir de comandos policiais também, afinal polícia gosta de parar aviões quando estão fora dos aeroportos.
A pessoa que inventou o cigarro com certeza estava em uma das duas marginais em São Paulo. Só assim para enfrentá-las
Logo na chegada na marginal, vimos as pontes que dão acesso a ela forrada de caminhões e carros. Pessoas falando no celular, outras cigarreando como nós, outras discutindo, outras dormindo, e outras querendo passar por cima do mar de veículos. Tudo parado, agradecemos ao inventor do cigarro e começamos o martírio. Depois do mesmo cd tocar três vezes conseguimos passar o carro velho que parava uma das maiores cidades do Mundo.O caminho a seguir é tranqüilo, cheio de visões abstratas. Arranhacéus sendo construídos, outros mostrando toda sua imponência, favelas, mais carros e todo tipo de construção bem organizada, como trens ao lado de rio, casas nos morros, fios elétricos cobrindo o céu aberto para todos os lados e pontes caindo aos pedaços. Os motoristas são os personagens de viagens como essa. Vemos desde moleques dirigindo carros velhos e carros novos nunca vistos dirigidos por gente velha. Fechadas, caminhões esbravejando fumaça, mudanças de faixa, típica de gente perdida, carros voltando de ré, para um acerto de caminho, tudo que toda cidade grande tem, ou melhor que em São Paulo têm. Não é possível acreditar que isso exista em outras cidades. Crescer assim desorganizadamente não é pra qualquer um. São anos de experiência, e isso São Paulo tem de sobra. São 458 anos. São muitos anos, melhoras são quase impossíveis, e quando tentam causam mais complicações. Somos obrigados a enfrentar esta maratona para servir nossos clientes. Chegar, descarregar e receber nos faz esquecer que São Paulo difícil é essa de se sustentar. Na mesma medida de oportunidades que ela oferece, encontramos obstáculos. Tudo na mesma quantidade, na mesma proporção e com a mesma intenção.



Este texto faz parte do programa que participo com alunos na faculdade para o blog Pândega.

texto de Fernando Thadeu Fonseca dos Santos

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Verbalize

As vezes sinto que tudo está indo no sentido errado. Mas no meio do caminho adimiro o quanto caminhei. E que tudo pode ser alcançado. Nem tudo segue o planejado, mas é ótimo ver que já estamos caminhando. Poder sentir que o presente é algo sublíme, e que o passado poderia ser pior. E melhor, ver que o futuro está logo ali na frente. Ou até mesmo já sendo concretizado.
Isso pode ser feito através de verbos que podemos imprimir no dia a dia. Fazer, estar, lutar, amar, conversar, valorizar, querer, agradecer, prestar, simplificar, sentir, abraçar, aprimorar, ajudar, importar, sorrir, acreditar, desejar, respeitar. Podemos até ficar só nesses verbos, que são muito importantes, mas existem tantos outros que não me lembro agora, mais pela falta de sentimento inteiror do que de imaginação, pois o que realmente importa são as intenções.
Fazer acontecer e por merecer, estar presente, lutar pelos objetivos, amar como a si mesmo, conversar para esclarecer( outro verbo), valorizar o que já foi alcançado, querer sempre mais para não ficarmos atolados em um só pensamento. Agradecer o que nos foi dado, abraçar as oportunidades, melhorar como forma de atualização, ajudar quem precisa, respeitar quem não tem a mesma condição, acreditar que tudo é possível. Tudo de forma simples, sem complicações. Dessa maneira podemos ter uma vida mais saudável espiritualmente e de forma mais agradável.
A vida é muito simples para complicarmos. E da mesma maneira que existem más atitudes, existem boas atitudes. Tudo depende de qual atitude tomar e qual verbo conjugar.




texto de Fernando Thadeu Fonseca dos Santos

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Amor escrito

Como uma luz que se apaga, e o escuro se forma. Assim é o fim daquele amor.
Que amor? Só podemos chamar de amor quando ele inunda as duas pessoas. Quando ele afoga apenas uma, não existe amor. O que existe é idolatria pela outra pessoa. Nada mais. Desejo esse que se mostra temporário. Idolatrar é colocar a pessoa acima de tudo, sem achar defeitos e se dedicar aos seu desejos. Exatamente como os que dizem que amam fazem. São devotos da pessoa amada, amam do fundo do coração retardado, sem se tocar que são manipulados. Isso não é amar de verdade. Amar não é, não pode ser. Amor que é. Amor é dois. Os dois da mesma maneira, na mesma medida., com a mesma ferida, com o mesmo gosto.
Por isso é tão difícil achar um amor de verdade. A maioria tentam criá-lo, tentam descrevê-lo, assim como tento fazer agora.



texto de Fernando Thadeu Fonseca dos Santos

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Segue o programa

Como segue nosso programa ai vai mais uma crítica feita pelo aluno Fábio Pereira, que faz parte do nosso grupo de desenvolvimento e incentivo da escrita. Essa foi feita para o último texto com título de "A Escolha do amor". Podem visitá-lo no blog Sogripa! O blog.


Falemos de amor então...

Fábio Pereira

Admiro o canto rouco e sem técnica nenhuma do Cazuza, ícone dos anos 80. Poeta e músico meio bossa nova e meio rock´n´roll, ele escreveu o seguinte: “o amor, na prática, é sempre o contrário”. Não vejo aí pessimismo nem desilusão. Enxergo uma constatação sóbria: o sentimento de amor é surpreendente Por isso, na prática, ele é o contrário da teoria. Viver um amor é sentir prazer em estar em um lugar inóspito. É estar em um lugar onde o medo e o desejo, tão antagônicos, se dão as mãos e incrivelmente passeiam . Amar é estar em meio a descobertas... E quando o amor vira rotina, e quando a vida a dois incomoda, aí, não deixa de ser descoberta. Nesta hora, é momento de se descobrir novas formas de amar.
Chega de poesia, leitor. Irei me apresentar. Meu nome é Fábio Pereira e sou cronista. Escrevo agora, excepcionalmente, para este blog a fim de emitir opinião sobre o texto “A escolha do amor”, de autoria do verdadeiro dono deste pedaço na internet, o Fernando Thadeu. Esta crítica que redijo faz parte de um projeto literário em que jovens estudantes de jornalismo escrevem sobre temas escolhidos por uma mediadora e, em seguida, analisam e comentam os textos uns dos outros. Tudo, claro, é publicado. Sem você, leitor, este projeto seria uma chatice.
Bem, no primeiro parágrafo imprimi um tom poético, meloso demais. Admito. Não tive vontade de fazer diferente, já que o texto de Fernando Thadeu tem, a meu ver, um pendor poético, bem inclinado àquela historinha trivial do sujeito e seu sofrimento de amor. A abordagem de Fernando Thadeu, porém, não é melosa nem piegas. E este é o primeiro ponto que gostaria de comentar: falar de amor e dos conflitos existentes em relacionamentos é assunto que não se desgasta. É elemento eterno da literatura mundial. Por isso, enquanto muitos poderiam desabonar o autor por dissertar sobre tema tão usual, eu afirmo que tal ato é menos um defeito e muito mais uma qualidade. Como escritor, Fernando Thadeu já enxergou uma característica importante da literatura. Ponto positivo.
Agora, uma dica importante. Poder falar de um assunto comum não quer dizer que vale abordá-lo de maneira comum. É preciso vasculhar novos ângulos, inventar outras maneiras de se dizer. Neste momento, já apresento o segundo ponto sobre o texto analisado: é preciso, a todo custo, fugir dos chamados lugares-comuns. Cito dois exemplos retirados do texto: “a vida nos prega muitas peças” e “ruas sem saída”. Sem estes termos, o texto fica igualzinho ao amor, ou seja, fica mais surpreendente. Frases como estas já foram usadas por muitos escritores, por muita gente. Textos novos devem fugir delas. Penso, porém, que isso é um detalhe que não compromete o todo. Vamos avançar na análise e vê-la ser concluída no próximo parágrafo...
Terceiro e último ponto: Fernando Thadeu é, a meu ver, um jovem escritor que tem fundamentos sólidos. Ele sabe os assuntos que devem ser tratados e tem disposição de escrever sobre eles. Ponto forte é a coragem de escrever com tanta sensibilidade. Neste mundo machista, a atitude é rara. Parabéns. Sugiro, ao fim, duas leituras que, acredito, serão edificantes a este jovem: a poesia de Mario Quintana e a prosa de Vinicius de Moraes (este já foi articulista de cinema e pouca gente sabe). Posso dizer que Fernando Thadeu pode alcançar mais e mais leitores. Se ele já conhece os dois indicados, ótimo. Caso não, vai notar que eles têm a mesma coragem ao falar de amor.

A escolha do amor

Tudo na vida segue um caminho um tanto quanto incerto. Na medida da caminhada, deparamos com várias situações que nos obrigam a tomar decisões diferentes.
Cada um tem sua forma de escolher o que mais lhe agrada, isso é muito pessoal. Mas a vida nos prega muitas peças. Nem sempre escolhemos as coisas certas, o que acaba nos colocando em ruas sem saída, onde o caminho de volta geralmente tende a ser penoso demais.
Escolher a profissão para jovens que se vêem atolados em um número enorme de possíbilidades é sempre desgastante. Assim também é no amor, na escolha da pessoa com quem queremos ter uma vida a dois, nem sempre é como imaginamos. O que parece nem sempre é realmente. Ou tudo se transforma, ou somos enganados pela primeira impressão.
Essa decisão, quando descoberta que errônea fora, começamos então o caminho de volta. Caminho este que não é necessariamente instantâneo, pois o sentimento de dor e decepção que nos abraça nesta descoberta, nos coloca em um poço de vazio e divisão das reais possibilidades que podemos alcançar.
Nos damos tanto para conseguir tais desejos de sentimentos, deixamos de fazer e de ser, para chegar ao diamante maior fazendo a escolha certa, que nessa hora, deixamos de acreditar que tudo pode dar errado, sem se importar com o que podemos sofrer. Quem não tem essa entrega geralmente é quem pensa no posterior. Nas dores do momento final. Acabam pensando mais, para uma resolução correta a sua maneira. O medo de passar pela dor da decepção os aflige de tomar decisões erradas. Dessa forma, se entregam e amam menos. O amor é sinônimo de entrega. E sem amar não fazemos a escolha certa.



texto de Fernando Thadeu Fonseca dos Santos

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Férias bem ocupadas

O último texto postado por mim ( "ANO NOVO" ), faz parte de um programa de incentivo e desenvolvimento da escrita, idealizado pela minha professora de Língua Portuguesa, Ana Ziccardi, e alguns amigos metidos da classe( brincadeira, Fabião e Viny ). É, na verdade, uma maneira de ocupar nosso tempo nesse período de férias escolares com atividades um tanto quanto empolgantes para quem gosta como eu.
A idéia consiste em desenvolver textos com temas pré-definidos e depois fazer críticas dos textos dos amigos participantes. Tudo isso supervisionado pela nossa especial profs que dispinibilizou seu tempo para nos organizar e estimular de uma maneira muito legal.
Os participantes deste programa são: Jesus me chicoteia!, Três dedos de prosa, Sogripa! O blog, Amor aos domingos, Grita São Paulo, Expresso sem açúcar, por favor! e Em busca do inefável.
O amigo escolhido para fazer a crítica do meu texto foi o Vinicius, vulgo Viny :


Apenas metafísica

O tom do texto é emergencial. Corajoso, destemido. No meio das orações e frases de “Ano Novo”, escrito por Fernando Thadeu, existe a opinião de uma pessoa decidida, que sabe o que quer.

Em palavras bem definidas e parágrafos nem tanto, Thadeu busca discutir como as promessas de ano novo, prática comum no réveillon ocidental, fazem as pessoas perseguirem os objetivos que são por vezes postergados sem prazo. Quem nunca prometeu ser mais cuidadoso, economizar mais ou resgatar um projeto pessoal do fundo do baú na virada de ano?

Em tom de crítica, o autor afirma veemente que não existe uma data para fazermos essas promessas e projetos, que todo dia é dia de realização. Concordo em partes, e discordo em outras. Mas não estou aqui para analisar a razão do autor, e sim a qualidade de sua escrita e a maneira como tratou o tema “Promessas de Ano Novo”.

Sobre a primeira, tenho a dizer somente que tudo está em seu devido lugar, tirando algumas coisas a serem aperfeiçoadas com o tempo, com a experiência de escrever.

Já o tema, como mencionei no início, é tratado com uma tenacidade ímpar. Ficou claro para mim que a opinião ali expressada é a verdadeira, imune a contradições. Respeito e gosto disso, afinal, é um texto opinativo.

Mesmo assim, é preciso ter muita coragem para escrever dessa maneira. Considero um recurso perigoso, pois é necessário saber a medida certa entre escrevermos para nós mesmos e para outras pessoas lerem. No final das contas, Thadeu discute muito mais a metafísica que envolve o ser humano e seu comportamento e questiona certas atitudes com argumentos um pouco confusos, mas dignos de uma pessoa decidida.

Gostei demais e quero muito ler a próxima composição. Espero que seja um texto ficcional. Quero ver como esse ímpeto se comporta em uma composição puramente literária.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

"ANO NOVO"

Entramos em mais um ano novo. Mudança de vida geralmente é o lema principal no começo do ano. Mas sinto que a palavra mudança não cai muito bem. Mudar. Parece que tudo que fizemos até então está errado, caminhando para o lado contrário. E na verdade deixamos de fazer, pois tudo que plantamos colhemos. É dessa forma que devemos encarar e não tomar como mudança, e sim agir. Temos que fazer todos os dias, são todos iguais, e não é a troca de ano que vai diferenciar. Somos a diferença.
Acabamos condicionados a um pensamento datal comum como a páscoa, o dia dos pais ou o natal. Todos dias são normais como os outros. Se fizermos a diferença todos os dias não precisaremos esperar pelo fim de ano para correr em direção de nossos objetivos.
Hoje é um bom dia pra fazer acontecer, amanhã também, e depois e depois. "Ano novo vida nova". Prometer não é fazer. Se estamos passando por problemas diversos, não é porque o ano não será bom, ou porque o ano passado foi horrível, e sim porque perdemos o controle da situação. Cada um tem a sua vida para cuidar, e por vários motivos acabamos nos desprendendo do que nos importa, e ficamos perdidos em um ano com 365 dias para buscarmos nossas oportunidades de vida melhor.
Existem sim dias de sorte e de azar, mas todos tem. Somos todos iguais, assim como os dias, os anos e as esperanças. Viver bem é uma esperança comum. Principalmente no começo do ano. Todos queremos viver bem todos os dias do ano. Mas precisamos conquistar, nada é assim tão fácil. Podemos começar neste dia a lutar sem pensar que dia é, ou que ano estamos. "Ano novo luta nova".


texto de Fernando Thadeu Fonseca dos Santos

domingo, 6 de janeiro de 2008

CORAÇÃO FELIZ

Um coração feito de quatro partes se fez feliz depois de um bom tempo vivendo num desatino. É uma diferença da maior grandeza, como da água para o vinho. Ele precisava disso, fortalecer e sentir o que ele sente por essas partes e saber que é recíproco por elas.
Parece que todo coração vive pelo mesmo ideal. Guardar dentro de si aqueles que ama, e sofrer quando não tem a troca. O sofrimento é só uma das sensações que ele tem, perturbadora e quebradiça, sempre inescrupulosa. Machuca demais, mas parece que ele tem isso como uma rotina de vida.
Mas existem outros sentimentos também que fazem parte dessa lista, como a explosão que é causada quando se tem alguma felicidade alcançada. Sempre moderada e rara, mas altamente avassaladora. Existem vários tipos de felicidade. Uns ficam felizes por poucas coisas como um simples aceno de alguém que lhe agrade, ou até mesmo um olhar da pessoa que ama.
A felicidade não tem discussão cada um tem a sua. E a desse coração foi passar alguns momentos com três partes das quatro que ele mais ama. Não era as quatro partes, mas como dizem: "vence a maioria". Reviveu todos os momentos passados, e saiu de uma lama sem fim que sentia pela distância adquirida pela emoção da outra parte que foge a cada dia que passa. Foi um clímax alcançado, isto é, uma felicidade sem discussão. Ele se renovou de tal forma que o deixou como novo, parecia nunca ter sentido nada, aquele era o primeiro sentimento. Foram horas de máximo prazer e alegria. Nenhum dinheiro do mundo pagaria aquele momento.
O puro prazer de estar ao lado e dar risada junto, brincar e fazer promessas, contar mentiras e lembrar dos momentos vividos. Isso sim que é felicidade. Pelo menos pra ele. Afinal a felicidade não tem discussão. Ela demora a chegar mas é extremamente empolgante.
Esse coração precisava mesmo disso.
Obrigado LBB.. O coração agradece.


texto de Fernando Thadeu Fonseca dos Santos