terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Segue o programa

Como segue nosso programa ai vai mais uma crítica feita pelo aluno Fábio Pereira, que faz parte do nosso grupo de desenvolvimento e incentivo da escrita. Essa foi feita para o último texto com título de "A Escolha do amor". Podem visitá-lo no blog Sogripa! O blog.


Falemos de amor então...

Fábio Pereira

Admiro o canto rouco e sem técnica nenhuma do Cazuza, ícone dos anos 80. Poeta e músico meio bossa nova e meio rock´n´roll, ele escreveu o seguinte: “o amor, na prática, é sempre o contrário”. Não vejo aí pessimismo nem desilusão. Enxergo uma constatação sóbria: o sentimento de amor é surpreendente Por isso, na prática, ele é o contrário da teoria. Viver um amor é sentir prazer em estar em um lugar inóspito. É estar em um lugar onde o medo e o desejo, tão antagônicos, se dão as mãos e incrivelmente passeiam . Amar é estar em meio a descobertas... E quando o amor vira rotina, e quando a vida a dois incomoda, aí, não deixa de ser descoberta. Nesta hora, é momento de se descobrir novas formas de amar.
Chega de poesia, leitor. Irei me apresentar. Meu nome é Fábio Pereira e sou cronista. Escrevo agora, excepcionalmente, para este blog a fim de emitir opinião sobre o texto “A escolha do amor”, de autoria do verdadeiro dono deste pedaço na internet, o Fernando Thadeu. Esta crítica que redijo faz parte de um projeto literário em que jovens estudantes de jornalismo escrevem sobre temas escolhidos por uma mediadora e, em seguida, analisam e comentam os textos uns dos outros. Tudo, claro, é publicado. Sem você, leitor, este projeto seria uma chatice.
Bem, no primeiro parágrafo imprimi um tom poético, meloso demais. Admito. Não tive vontade de fazer diferente, já que o texto de Fernando Thadeu tem, a meu ver, um pendor poético, bem inclinado àquela historinha trivial do sujeito e seu sofrimento de amor. A abordagem de Fernando Thadeu, porém, não é melosa nem piegas. E este é o primeiro ponto que gostaria de comentar: falar de amor e dos conflitos existentes em relacionamentos é assunto que não se desgasta. É elemento eterno da literatura mundial. Por isso, enquanto muitos poderiam desabonar o autor por dissertar sobre tema tão usual, eu afirmo que tal ato é menos um defeito e muito mais uma qualidade. Como escritor, Fernando Thadeu já enxergou uma característica importante da literatura. Ponto positivo.
Agora, uma dica importante. Poder falar de um assunto comum não quer dizer que vale abordá-lo de maneira comum. É preciso vasculhar novos ângulos, inventar outras maneiras de se dizer. Neste momento, já apresento o segundo ponto sobre o texto analisado: é preciso, a todo custo, fugir dos chamados lugares-comuns. Cito dois exemplos retirados do texto: “a vida nos prega muitas peças” e “ruas sem saída”. Sem estes termos, o texto fica igualzinho ao amor, ou seja, fica mais surpreendente. Frases como estas já foram usadas por muitos escritores, por muita gente. Textos novos devem fugir delas. Penso, porém, que isso é um detalhe que não compromete o todo. Vamos avançar na análise e vê-la ser concluída no próximo parágrafo...
Terceiro e último ponto: Fernando Thadeu é, a meu ver, um jovem escritor que tem fundamentos sólidos. Ele sabe os assuntos que devem ser tratados e tem disposição de escrever sobre eles. Ponto forte é a coragem de escrever com tanta sensibilidade. Neste mundo machista, a atitude é rara. Parabéns. Sugiro, ao fim, duas leituras que, acredito, serão edificantes a este jovem: a poesia de Mario Quintana e a prosa de Vinicius de Moraes (este já foi articulista de cinema e pouca gente sabe). Posso dizer que Fernando Thadeu pode alcançar mais e mais leitores. Se ele já conhece os dois indicados, ótimo. Caso não, vai notar que eles têm a mesma coragem ao falar de amor.

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